Tuesday, June 30, 2009

Olha, a proposta do blog foi sempre postar textos autorais. Mas grudou que nem chiclete. E é bom, instiga à reflexão:

Moça, olha só o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê


Eu prefiro as composições que ficam na cabeça não por serem repetitivas, mas por conterem em si a capacidade de causar pequenas revoluções dentro de nós.

Monday, June 22, 2009

Meu violão é um grande companheiro. Fica durante 360 dias do ano encostado no minúsculo espaço entre meu armário e a parede. É empoeirado - antes o guardava numa capa preta, que o mantinha quase intacto, mas esta se perdeu. O pó então se acumula em uma grossa camada, principalmente entre as paletas de afinação, bem no final do braço. As extremidades apresentam, todas, lascas resultantes de tombos e arranhões, culpa do meu desleixo.
Não sei afinar o violão. Meu vó, há uns três anos, foi o último a afiná-lo. "Este violão está bem empenado", ele disse. O instrumento não é de uma linhagem nobre, longe disso. Sua marca é nada conhecida. E hoje está bem apagada.
Ganhei meu violão como presente de natal, em algum ano da década de 1990. Não sabia sequer um acorde quando abri a capa e senti seu cheiro forte de madeira que, de forma inexplicável, conserva praticamente intacto até hoje.
No ano seguinte foi com ele que passei tardes inteiras na casa da tia Sônia, na companhia do meu primo e em meio a dezenas de revistinhas que traziam os acordes. Os dedos da mão esquerda, iam ficando calejados pelo contato com as cordas. Que também se gastaram, exigindo trocas constantes. A última deve ter sido feita há quatro ou cinco anos, se não me falha.
Pouco evolui como músico. Toco hoje da mesmíssima maneira de anos atrás, quando estava aprendendo. De diferente apenas os dedos, que sem a proteção natural sofrem quando eu resolvo arriscar-me de novo.
Ainda que lhe falte uma corda, que as outras apresentem um aspecto enferrujado. Mesmo desfalcado de uma das palhetas de afinação ainda assim meu violão é o único - único, repito - desafogo para momentos tensos. E eu, o único que consegue ouvir, em sua combinação ruidosa, uma melodia irretocável. Somos parceiros, de fato.

Sunday, June 14, 2009

As coisas são todas dolorosas. Mesmo assim eu aguento. E me exponho. Porque a dor é combustível!

Não importa. Eu quero é que o vento frio entre pelas frestas e me faça adoecer pro resto da vida. Que os cobertores não me esquentem e que a cama me machuque. Que meu sangue escorra quente pelo colchão e forme uma poça no piso frio do quarto. Que tudo esvaeça dolorosamente até que não reste nada. Nada do que fui. Deste vermelho imundo hei de despertar para tudo que existe. Pois não há dor no mundo que me impeça de renascer.

Saturday, June 13, 2009

Ensaios sobre um namoro que já foi

Não, não era pra ser. Não era para dar certo entre você e eu. Não!!! Hoje somos fruta podre, caída, azeda no chão

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Gosto doce e vermelho do vinho nos meus lábios. Efemeridade da vida. Transgressão do tempo, violação do espaço. Confusão da noite. Dor das lembranças. Embriaguez. Solidão. Angústia que corrói. Incerteza, indecisão, indisposição, inadequação, intranquilidade. Insônia. Onde estão meus olhos??? Ela me destruiu!!!

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Ontem passei o dia dormindo. Qando acordei ainda guardava sua imagem. Há meses não sonhava com você. E um tristeza débil me preencheu desde então. Éramos um, tínhamos a vida toda ainda. Me levaste consigo na separação e nada de mim sobrou. Nada em mim sobrou. Ai, se soubesse quão frias se tornaram minhas noites.

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Quando me ligava e me acordava todos os dias às sete meus caminhos eram mais verdes. A disância de poucas vielas entre a minha e a tua casa estreiava-se sorridente. Quase que culpando-se por separar dois feitos para ser um. E eu percorria cada uma delas num passo acelerado e ofegante. Era a exata distância entre a solidão e a felicidade. Hoje as vielas transformaram-se em oceano, que não sorri e sequer esreita caminhos. Pouco ouço minha palpitação e a alegria de te encontrar abrindo o grande cadeado do portão marrom de sua casa é uma murcha embriaguez em qualquer canto. Já não há mais portão, nem vielas, nem sorrisos e nem amor.