Friday, December 25, 2009

Encontro Marcado

Coincidência ou não, ontem, durante a noite de Natal, vivi um episódio parecido com o do livro de Fernando Sabino, cujo título emprestei para este post. Ao contrário do que acontece com Eduardo Marciano - personagem principal da obra - meu encontro com os amigos de oitava série foi circunstancial. Mas deu certo, diferente também do livro.
Fiquei emocionado e escrevi um texto que segue abaixo.

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Há 10 anos eu não sabia bem quem eu era. Estudava numa escola relativamente pequena, pouco mais de 20 alunos dividiam a sala comigo. Conhecia todos, conversava com a maioria e consevava umas 6 ou 7 boas amizades.

Não era o melhor aluno da sala. Nem o pior. Demonstrava inclinação às boas notas nas matérias pelas quais eu tomava gosto: História, Geografia, Português e Redação. Me esforçava nas restantes. Era indiferente á disciplina de Ciências e ouvia U2 no diskman durante as aulas de Artes e Inglês.

Já a Matemática era angústia e opressão. Me garantiu anos seguidos de esforço vão em aulas de recuperação, cujas minhas únicas lembranças são as da escola vazia enquanto meu cérebro labutava entre raízes quadradas, matrizes e a voz um pouco irritante da professora Andréia.

A oitava série foi, sem dúvida, o ano mais marcante em minha vida escolar. A iminência da separação de um grupo, como dito, pequeno e unido há muitos anos representava mais do que apenas ir para o ensino médio. Dentro de cada um, aquilo era também um desligamento inevitável do que éramos, e do estilo de vida que tínhamos, até então.

Justamente por esta caraterística bem peculiar que ali, naquele ano, todas as coisas precisariam se resolver. Flertes antigos, diferenças, amizades, segredos guardados entre poucos, tudo teria, na oitava série, seu desfecho. A partir do fim daquele ciclo, tudo se tornaria obsoleto e questões como aquelas viriam a ser tratadas como anseios imaturos.

Aquele sentimento tacitamente comum entre nós à época, tornava-se claro nos eventos relacionados à formatura e estava estampado na camisa em que deixamos nossas assinaturas como marca daquilo que fomos um dia.

Visitar amigos que foram tão importantes neste momento maravilhosamente incerto da minha vida - bem na noite de Natal - 10 anos depois de dividirmos aquela fase intensa da nossa formação, foi certamente um encontro transbordado em sinceras emoções.

O que fizemos e faremos daquela oitava série em diante já é da conta de cada um. Advogados, médicos, engenheiros, jornalistas... somos todos alunos da 8ª série 1999 do Illuminati. O que já é o bastante para estarmos unidos de certa forma.