Monday, November 06, 2006

Reticências


Pois é, mais uma vez por aqui. Escrevendo pra quem? Não sei. Mas é bom em qualquer circunstância, deixar as idéias que estão presas debandarem para a ponta dos dedos e apertarem com força ou sutilmente, com vontade ou desinteresse, os botoezinhos do teclado. Só por deixarem elas jorrando, no mesmo fluxo, já vale a pena estar aqui. Escrever para mim é diferente de escrever para que os outros leiam. Quando escrevo para mim, como no caso agora, escrevo apenas por escrever. Os arames que prendem o fluxo do consciente vão se derretendo... Lentamente, bem lentamente, uma paz sutil entorpece. E a escrita fica solta, nem parece que sou eu, por que eu não me dou conta. Dissolvo-me também e viajo junto, sem forma, sem peso. Como aquela brisa leve que passa num dia de sol. E a gente, sentado na areia em frente ao mar, sente uma reticência gostosa nos acariciando o rosto. Escrever para mim mesmo é não saber o que vai dar no final. Não saber e nem querer saber. E nem sequer supor o que seja. E nem saber o que é final...